Inhambane, cidade do sul de Moçambique voltada para o oceano Índico, é o lugar onde Vasco da Gama e sua tripulação terão chegado há mais de 500 anos, batizando-a de “Terra de Boa Gente”. Um epíteto que a cidade continua orgulhosamente a evocar, descrevendo com pormenor o dia de chuva em que um povo se aproximou de outro povo, e os cansados viajantes foram recebidos com grande hospitalidade.
Inhambane, que é também a terra de origem do pai de Panaíbra, foi e continua a ser “terra de boa gente”, sem que tamanha bondade tenha evitado torná-la colónia e outras coisas mais que os seres humanos decidiram ser uns com os outros.
“A memória enraíza-se no concreto, em espaços, gestos, imagens e objetos”, escreveu Pierre Nora. Aos criadores interessa-lhes pensar a História a partir daquela paisagem, e de um pensamento cruzado que sobrepõe passado, presente, futuro. Interessa-lhes prosseguir com a pesquisa sobre o que Paul Carter chamou de “política do chão”, ou seja, sobre “um novo pisar que não recalque e terraplane o terreno, mas que deixe o chão galgar o corpo, determinar os gestos, os movimentos, numa nova coreografia social”.
“Quando um corpo ‘encontra’ outro corpo – uma ideia, outra ideia -, pode acontecer que as duas relações se componham para formar um todo mais potente”. A ideia dos bons encontros e da potência transformadora das boas conversas está entre os primeiros princípios do projeto, sendo desejo dos criadores que OU constitua, acima de tudo, um elogio do pleno encontro.
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